sexta-feira, 30 de março de 2012

Sexo e o Câncer

Lutando pela vida e pela sua melhor qualidade
O surgimento de algum tipo de câncer na vida de uma pessoa é muito traumático, dadas as conseqüências físicas e emocionais desse tipo de doença e as limitações da medicina nesse campo ainda muito desconhecido.
Existem dois aspectos importantes para a compreensão da vida sexual por parte dos que sofrem de qualquer tipo de câncer.
Um primeiro aspecto está na reação frente à descoberta dessa doença, muitas vezes mutilante. Geralmente a pessoa que se descobre portadora de câncer passa por estágios emocionais diversos, entre eles, negação, rebeldia e depressão.
É nas fases de rebeldia e de depressão que a atividade sexual vai sofrer maior impacto. O paciente passa a se preocupar mais com a sua saúde, exames, medicações, intervenções cirúrgicas, quimio e radioterapia, do que com sua vida sexual. O desejo diminui muito ou desaparece totalmente, prejudicando as demais fases do ciclo da resposta sexual, quais sejam, excitação (ereção no homem e lubrificação na mulher) e orgasmo.
A atividade sexual, para a maioria das pessoas, não se desenvolve se houverem graves preocupações na cabeça. No caso da pessoa com câncer, a sexualidade fica em segundo plano. A pessoa passa a se ver com menos estima, com tristeza e com um medo intenso de não mais corresponder às demandas sexuais do parceiro. Temores de ser visto como doente, vítima e passível de pena também afetam a auto-estima. Os relacionamentos acabam por se complicar, principalmente quando não há abertura na comunicação da dupla.
O indivíduo sente-se só, pouco compreendido e com muitos constrangimentos em comentar ou perguntar algo sobre a sua vida sexual para o médico. Além disso, nem todos os profissionais lembram ou têm capacidade de lidar com esses aspectos de seus pacientes. Algumas medicações antidepressivas podem ser utilizadas com uma melhora no quadro depressivo e na vida sexual do paciente. Deve-se procurar ajuda de um psiquiatra.
Um segundo aspecto está na possibilidade de o câncer atingir áreas genitais ou outras regiões que possam afetar de forma direta o desempenho da atividade sexual.
Câncer nos genitais - pênis, vulva ou colo de útero ou em regiões próximas - são mais complexos no que tange às recomendações. Existem alguns riscos de infecções em áreas mais lesadas, ou mesmo maior probabilidade de dor.
Nesses casos, o médico é a pessoa que pode e deve ser inquirida de forma direta. Especificamente:
O câncer de mama traz muitas complicações na auto-imagem das mulheres, diminuindo muito o desejo de se expor ao parceiro. O implante de silicone tem ajudado muitas delas a recuperar a auto-estima.
Pacientes que se submeteram a ostomização (pessoas com câncer de colo ou reto que precisam abrir um orifício no abdômen para eliminação de fezes em uma bolsinha plástica, não podendo mais evacuar pelo ânus) sofrem muito para reassumir a atividade sexual, já que a bolsa plástica passa a fazer parte constante de suas vidas. Tanto para os homens, quanto para as mulheres, é uma fonte constante de sentimentos de inferiorização e vergonha. Temem que a bolsa com fezes atrapalhe ou vaze durante o esforço da atividade sexual. No sexo com esse tipo de preocupação, não há como se envolver ou fantasiar: o sexo não se torna satisfatório. A comunicação é essencial e o aconselhamento e reeducação sexual por um sexólogo é de grande utilidade.
Em alguns homens, pode ocorrer a impotência sexual por lesão direta ou indireta ou por conflitos emocionais. Deve-se ter em mente que a sexualidade não existe apenas quando há coito propriamente dito (contato pênis-vagina). Faz parte de nossa sexualidade todo o envolvimento afetivo e todas as sensações subjetivas prazerosas de todo o corpo. A parceira pode se satisfazer de várias formas que não com o pênis. Existem algumas medicações que podem ser usadas para provocar a ereção, mas o médico deve ser consultado antes.
O câncer afeta a vida de um casal em várias dimensões. A dupla deve procurar formas de adaptação que visem a intimidade e a cumplicidade. Com a estabilidade da doença, o desejo sexual retorna e passa a ser novamente importante. Recomenda-se que a pessoa seja o mais sincera possível com seu parceiro em relação a seus sentimentos e sensações. A dor deve ser identificada e questionada com o médico, tal como técnicas possíveis para se lidar com as dificuldades sexuais. Caso o médico oncologista não possa esclarecer as dúvidas, é aconselhável a busca de um terapeuta sexual, geralmente mais instrumentalizado para a orientação nesse aspecto de dificuldade. 
TRÊS DICAS BÁSICAS PARA UMA VIDA SEXUAL SAUDÁVEL E PRAZEROSA
1. Sexo não se nasce sabendo, aprenda com seu corpo!
Uma das maiores causas de problemas sexuais está na desinformação e na falta de conhecimento do próprio corpo. Se não sei como reajo ao estímulo sexual, quais partes de mim são mais sensíveis ao toque, como poderei tirar maior prazer de mim mesmo e de um parceiro? Busque orientação especializada! Em algum momento, na sua intimidade, vasculhe seu corpo, observe-se no espelho, compare os pontos de seu corpo que mais lhe provocam sensações prazerosas. Para ensinar um parceiro a lhe dar satisfação, é necessário que você o ensine. Não há vergonha alguma em aprender. Geralmente o processo de descoberta e de aprendizado por si só já é bastante afrodisíaco.
2. Não focalize sua atenção no orgasmo e sim, nas sensações!
Se você inicia um envolvimento sexual ansiando logo pelo prazer final, há uma grande probabilidade de haver, cedo ou tarde, alguma forma de frustração, sua e/ou de seu parceiro. A rotina impera! O objetivo passa a ser o fim, e não o meio. No sexo, as coisas não funcionam assim. O orgasmo é o coroamento de um relacionamento sexual, muito desejado, necessário, mas não indispensável em todos os momentos. Por vezes, experimente gratificar seu parceiro, dar-lhe boas sensações, prorrogar ao máximo o clímax dele. Deixe passar essa vez, adie para o próximo encontro. É, sem dúvida, um tempero importante para resgatar o desejo em um casal.
3. O risco como afrodisíaco: limites para a saúde sexual
Buscar sexo em situações proibidas e de risco é uma via de duas mãos. Sabemos que o medo de leve intensidade pode estimular o desejo sexual. No entanto, qual é o limite de exposição a um risco, e em que circunstâncias devemos interromper a atividade sexual para não sofrermos danos?
Você não Sabe a Resposta!
A Fantasia é um substituto eficaz e seguro para a pessoa que precisa de riscos e proibições para se estimular sexualmente. Fantasie junto com seu parceiro, crie histórias, não há limites para os sonhos. Mas envolva-se sexualmente com segurança. O uso de condom (camisinha) e de algum outro método contraceptivo é de vital importância para a prevenção a danos. Não produza preocupações desnecessárias (já bastam as que vêm espontaneamente).
TERAPIA SEXUAL
Procedimento muito eficaz realizado por um terapeuta sexual, profissional – médico ou psicólogo – especializado no tratamento dos distúrbios sexuais, apto a esclarecer os problemas orgânicos e/ou emocionais relativos a tais demandas. Vale lembrar que, muitas vezes, mesmo que a disfunção tenha um caráter estritamente orgânico, não significa que o emocional não esteja abalado. Assim, uma terapia sexual também se faz necessária, paralelamente ao acompanhamento médico, para que a autoestima seja recuperada. Diferentemente do médico, o psicólogo especialista em sexualidade humana se encarrega do tratamento das disfunções em que a causa não seja física. Alguns pacientes chegam ao consultório do terapeuta com questões vividas de forma camuflada, por anos a fio, pois tentou-se a todo custo não encarar o problema de frente, alimentando mais a insegurança e o desconhecimento de que tal questão pode ser tratada e ultrapassada.
Algumas disfunções têm razões simples e próximas ao dia-a-dia, ao estresse ou à ansiedade. São as que têm um fundo psicológico e que mesmo tendo relação com a forma de viver, ou seja, tem uma causa mais imediata, nem sempre é de mais fácil tratamento. Outras, de causa orgânica também podem modificar a resposta sexual e interferir na vida cotidiana. Para a questão orgânica da disfunção, somente um médico poderá ajudar a pessoa através de exames físicos e complementares que confirmem ou esclareçam a doença.
Já foi o tempo em que as disfunções eram taxadas como doenças. Hoje, o seu contexto é ampliado e elas são entendidas como representações de influências culturais e emocionais. Assim, seus sintomas não podem ser tratados de forma isolada, mas, ainda assim, não justifica, na maioria das vezes, um tratamento prolongado.
No consultório de psicologia, o objetivo é combater a ansiedade existente, desmistificando crenças falsas, e trabalhando os aspectos psicológicos que não permitem um completo funcionamento corporal. Para tanto, a psicoterapia pode estar baseada numa terapia individual, terapia de casal ou, ainda, o conjunto dos dois processos.
O tratamento tem início em uma entrevista individual, às vezes seguida por outra com o casal, quando são esclarecidos alguns mitos em relação ao tratamento e ao processo em si. É nesse momento que são traçados os objetivos do tratamento, onde muitos respondem de forma rápida e favorável ao processo, abolindo alguns impedimentos ao funcionamento sexual normal e prazeroso. Com o caminhar do processo, espera-se que o casal possa desvendar respostas sexuais em si ou no (a) parceiro (a), nunca antes percebidas.
A terapia individual objetiva criar condições para ampliar o autoconhecimento e possibilitar o prazer consigo, a partir de um aprendizado sobre como é construído tal sintoma, ou seja, o que esse quadro tem a contar sobre a pessoa e sobre a sua forma de funcionar na relação e com o meio. É na terapia, portanto, que se revê falsos conceitos e se fornece orientação, possibilitando novas perspectivas.
Já, a terapia de casal objetiva facilitar a comunicação do mesmo, além de mediar um conhecimento maior sobre o funcionamento da relação, ajudando a descobrir, entre outros fatores, de que forma o casal se perde em sua vida cotidiana, e como isto se reflete na dinâmica sexual. Devemos lembrar que ao se falar de sexualidade, na maioria das vezes, o seu exercício se faz em em parceria. Por isso, é de suma importância que em alguns momentos o parceiro seja incluído no tratamento já que toda disfunção lhe repercute em maior ou menor grau.
Como aliado ao tratamento, o terapeuta sexual pode utilizar alguns exercícios sexuais realizados em casa, onde se pretende reforçar alguns estímulos que possam estar esquecidos. A ajuda de um terapeuta sexual merece consideração, já que para as questões sexuais de ordem emocional não há medicamentos que possam ajudar a superar tal quadro.
Talvez, a parte mais difícil seja reconhecer que se precisa pedir ajuda, que não há razão para carregar tanto peso sem apoio. É importante que se procure por um profissional qualificado, e não se sinta constrangida(o). A disfunção sexual já revela muito mais sofrimento do que a procura por um profissional que possua conhecimentos dos mecanismos da resposta sexual.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a saúde sexual, além de ser um direito, é considerada como um elemento importante para o bem estar pessoal. Preconceitos e vergonhas fazem parte do (não) reconhecimento da existência de problemas na esfera sexual. Se obstáculos ‘reais’ são complicados, depois de ultrapassar a barreira da vergonha em pedir ajuda a um profissional, poderá perceber que a sua sexualidade pode ser muito mais prazerosa e gratificante do que vinha sendo exercitada anteriormente ao tratamento. 

A TERAPIA SEXUAL NO TERCEIRO MILÊNIO
Novas perspectivas, velhos conflitos: atacando nos dois lados.
Hoje em dia se vê a medicina como a Era das Pílulas! Milhares de novas medicações entram no mercado. No entanto, será que aquela velha história de existir um Elixir do Amor é verdadeira? Os grandes laboratórios dizem que sim e têm despejado uma série de produtos a cada ano. O que é real nisto tudo?
Os problemas sexuais podem surgir de uma série de causas diferentes. Podem ser desencadeados por problemas físicos (orgânicos) e/ou emocionais (psíquicos). Na verdade, não seria errado dizer que as causas se somam. E saber a natureza do problema é por demais importante, pois só assim podemos decidir que tipo ou linha de tratamento devemos indicar.
Mas atenção! Todo cuidado é pouco. O uso desses medicamentos sem acompanhamento médico pode prejudicar a saúde de quem está justamente procurando ajuda. Procure um psiquiatra especializado em sexualidade humana e divida essa responsabilidade com quem mais entende a respeito de seu problema. Não se exponha a procedimentos invasivos sem ouvir uma segunda opinião! A cirurgia nos problemas sexuais é uma das últimas alternativas de tratamento, não sendo eficaz para a maioria das disfunções sexuais.
Quais são as linhas de tratamento?
Tratamento Medicamentoso
Não é uma panacéia milagrosa, mas, se usado com indicação médica, seriedade e esclarecimento de seus possíveis efeitos indesejáveis, pode trazer muitos benefícios e até mesmo a cura. Pode ser utilizado isoladamente ou em combinação com uma das técnicas de psicoterapia, trazendo bem melhores resultados desta forma.
Alguns medicamentos que podem ser utilizados são os chamados antidepressivos, as prostaglandinas, a fentolamina, a papaverina, o sildenafil (Viagra) e alguns hormônios (em casos orgânicos), entre outros. Cada medicação deve ser escolhida de acordo com o perfil do paciente e de suas condições gerais de saúde.
Tratamento Psicoterápico
Nem todo o transtorno sexual responde bem à medicação. Não é raro se tentar o uso de um remédio e ele não funcionar no primeiro momento, trazendo uma série de efeitos indesejáveis e até uma piora no estado do paciente. Não é fácil para ninguém dividir a intimidade de sua vida sexual, ainda mais quando se tem vergonha e constrangimento devido a pouca abertura na educação e na tradição, tanto familiar, quanto social.
A psicoterapia é um método de tratamento muito efetivo, trazendo ótimos resultados. Pode ser feita com o casal ou individual. Uma vez iniciada, ocorre um preparo da pessoa para que ela entenda o que está acontecendo na sua vida sexual, dando-se conta das reações de seu corpo frente a situações negativas sexualmente falando.
Existem várias formas de psicoterapia, mas as mais indicadas para os transtornos sexuais são a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental, a Focal, a de Orientação Analítica e o Psicodrama. Busca-se o clareamento de conflitos internos e de preocupações íntimas e profundas que inibem a vida sexual. A técnica Cognitivo-Comportamental emprega tarefas e exercícios sexuais. A técnica Focal e de Orientação Analítica, oferece interpretações e confrontos ao paciente para que ele se dê conta de suas repressões, com o intuito de mudanças. O Psicodrama usa exercícios de teatro e vivências para elaboração dos problemas individuais e interpessoais.
Na medida em que a psicoterapia se desenvolve, surge maior confiança entre o terapeuta sexual e o paciente. Desta forma, quando a medicação é prescrita, é muito melhor tolerada. A confiança no psiquiatra é fundamental.
Tratamento Cirúrgico
Essa é a última opção de tratamento para os transtornos sexuais. Geralmente é indicado quando há confirmação de algum problema físico ou quando todas as outras formas de terapia falharam. Em diabéticos crônicos, por exemplo, a prótese peniana tem sido uma forma de recuperar a função sexual e a auto-estima. Mas a exposição a esse tipo de tratamento tão invasivo deve ser obrigatoriamente acompanhada por uma equipe, principalmente por um terapeuta sexual, garantindo a diminuição dos índices de fracasso terapêutico.
Hipnoterapia, Ortomolecular, Neurolinguística, Terapia de Vidas Passadas.
Carecem de comprovação cientificamente aceita para o tratamento dos transtornos sexuais.



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