FALANDO SOBRE O CÂNCER

FALANDO SOBRE O CÂNCER VII

CÂNCER: Uma luta sem fim

Lutar contra o câncer não é desafio fácil. Mesmo com a tecnologia e a medicina avançada, uma das doenças mais temidas do século ainda assusta, talvez por não ter cura comprovada em inúmeras neoplasias e apenas tratamento pleno por toda a vida. No Brasil, os tipos de tumores mais freqüentes são, entre os homens, os de pele não-melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto. Entre as mulheres, os principais são pele não-melanoma, mama, colo do útero, cólon, reto e pulmão.

No caso do ex-presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, o câncer de laringe é menos freqüente na população brasileira, porém os números também assustam. Em 2008, este tipo de câncer matou mais de 3.500 pessoas (3.142 homens e 452 mulheres). Estima-se que em 2009 surgiram mais de 9.000 casos da doença.

Por ser aterrorizante, a numerologia que ronda a incidência de câncer no Brasil é ainda mais alarmante quando afirmamos que a saúde pública não é capaz de reduzir os óbitos e ao menos equilibrar os casos de câncer no país. Quanto ao ex-presidente, sabe-se que o tumor foi diagnosticado em outubro, é um carcinoma média de aproximadamente 3 cm, e o que é melhor: é curável.

Não é somente Lula que sofre para derrotar o câncer. Casos conhecidos como o de Reynaldo Gianecchini e Hebe Camargo, também abalaram a sociedade brasileira nos últimos anos.
Dessa forma, sabemos que os desafios da saúde pública para controlar o câncer hoje, são escassos. O que pode ser considerado é que a morte pode ser descartada em diversas hipóteses. Com o avanço da medicina, o índice de superação aumenta a cada dia e o tratamento está cada vez mais próximo da população.

Claro, não cabe apenas à vítima diagnosticar com antecedência para tentar sobreviver e aumentar as possibilidades de cura; é necessário que o governo também cumpra a sua parte para que as incidências diminuam, fazendo assim da detecção precoce, uma chance real de sobrevivência.


Conheça oito famosos que superaram o câncer e voltaram a trabalhar

O ator Reynaldo Gianecchini está em tratamento para curar linfoma
O ator Reynaldo Gianecchini está em tratamento para curar linfoma (TV Globo/Divulgação/Bob Paulino)
O anúncio de um linfoma no ator Reynaldo Gianecchini gerou um clima de comoção e solidariedade entre os brasileiros. O mesmo ocorreu em outras ocasiões em que artistas declararam estar com câncer.  
Um dos casos mais recentes é o da atriz Drica Moraes, que surpreendeu fãs e colegas de trabalho com a informação de que estava com leucemia. Depois de um transplante de medula e encarar sessões de quimioterapia, a atriz volta a retomar seus trabalhos na televisão. 
Outros exemplos emblemáticos de figuras públicas que venceram o câncer são de Hebe Camargo, diagnosticada com tumor no peritônio (membrana que reveste o aparelho digestivo) em 2010, e de Ana Maria Braga, curada há nove anos de um nódulo no reto.
Conheça abaixo outros casos de celebridades brasileiras que superaram a doença.  

Hebe Camargo

A apresentadora posa em seu jardim após enfrentar a doença
No início de 2010, a apresentadora Hebe Camargo foi diagnosticada com câncer no peritônio (membrana que reveste o aparelho digestivo). Considerada rara, a doença foi detectada em fase de metástase. O tratamento, porém, surtiu efeito rapidamente e, alguns meses mais tarde, um exame clínico comprovou que o organismo de Hebe estava livre de células cancerígenas.  

Patricia Pillar

A atriz posou careca durante o tratamento
Foi durante o autoexame em 2001 que a atriz Patricia Pillar sentiu um nódulo em seu seio esquerdo. Depois de uma cirurgia para a retirada do tumor e sessões de quimioterapia, a atriz foi considerada curada pelos médicos. Sua última presença na televisão foi uma participação especial na novela Passione, em 2010.

Glória Perez

A novelista se curou de tumor nos gânglios linfáticos
Há dois anos, a autora de novelas Glória Perez vivia a mesma situação de Reynaldo Gianecchini: recebeu o diagnóstico de linfoma, câncer que acomete o sistema linfático. Na época, acabava de estrear a novela Caminho das Índias, de sua autoria. Ela nunca parou de trabalhar. A roteirista alternava redação de capítulos com sessões de quimioterapia. 

Ana Maria Braga

A apresentadora superou câncer de pele e no reto
Ana Maria Braga têm um histórico de reincidência - e também de superação. Seu primeiro contato com a doença foi um câncer de pele, em 1991. Cerca de sete anos depois a apresentadora retirou um tumor benigno no útero. Em julho de 2001, Ana Maria Braga surpreendeu a todos ao anunciar ao vivo, no programa Mais Você, que estava com câncer no reto. Durante o tratamento, ela apresentou careca o programa matinal da Globo por causa dos efeitos da quimioterapia que fazem cair os cabelos. Desde 2002, exames rotineiros não detectaram mais indícios de câncer no organismo da apresentadora.

Drica Moraes

A atriz foi surpreendida com diagnóstico de leucemia
Depois de ser internada com dores e desmaios, a atriz Drica Moraes foi diagnosticada com leucemia, um tipo de câncer que afeta a medula óssea, em 2010. Seis meses mais tarde, a artista gravou um vídeo em campanha publicitária contra o linfoma. O tratamento da doença incluiu transplante de medula, transfusão de sangue e sessões de quimioterapia. Neste ano, a atriz gravou cenas da novelaTi Ti Ti.

Herson Capri

O ator, atualmente no ar como o banqueiro Cortez em Insensato Coração, já teve câncer no pulmão
O ator, atualmente no ar como o banqueiro Cortez na novela Insensato Coração, descobriu que tinha um nódulo no pulmão esquerdo há 12 anos. O câncer foi descoberto durante exames preliminares para uma cirurgia de lipoaspiração. Após a retirada do tumor, Herson Capri não apresentou mais sintomas.

Martinho da Vila

O sambista enfrentou um tumor na prostáta
O sambista teve que retirar a próstata por causa de um câncer há dez anos. Depois de um longo período de recuperação, o músico continua a compor e a fazer shows normalmente.

Marcia Cabrita

A atriz criou um blog para relatar sua superação do câncer no ovário
Desde março de 2010, a atriz alimenta o blog Força na Peruca em que fala sobre a experiência de passar por um câncer no ovário. Atualmente, ela está curada, mas não abandonou o diário online onde continua expressar seus pensamentos e sentimentos sobre o tema.









FALANDO SOBRE CÂNCER VI

Para auxiliar pessoas que tem uma luta diária ou não nessa batalha contra um mal que esta se tornando cada vez mais comum no mundo! 
A Luta Contra o Câncer: por novo paradigma
Luiz Antônio Santini. Diretor geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca).


Segundo a Organização Mundial da Saúde, o número de novos casos de câncer aumentará de 10 milhões, em 2000, para 15 milhões, em 2020, e 60% ocorrerão nos países em desenvolvimento. Para se ter uma idéia da magnitude desses números, trata-se de um universo de pacientes maior do que o de todas as pessoas infectadas pelo Vírus HIV nos últimos 24 anos. Para o Brasil, em 2006, estima-se a ocorrência de 470 mil novos casos. Apesar da substancial aplicação de recursos federais na assistência oncológica - aumentou cerca de 73% entre 2000 e 2004 -, os resultados alcançados estão muito longe de um patamar nem sequer aceitável. Por exemplo, é intolerável que o câncer do colo do útero - prevenível e curável - seja o segundo de maior incidência e a terceira causa de morte feminina no país.
De acordo com o Pnad/Saúde 2003, do IBGE , cerca de 69% das mulheres com mais de 25 anos de idade informaram já haver realizado exame preventivo para o câncer do colo do útero. Esse desempenho, no entanto, não produziu alteração na tendência da mortalidade, que permanece elevada. Entre as possíveis razões, deve-se considerar a falta de garantia da qualidade dos exames, a falta de acompanhamento das pacientes e a baixa capacidade de mobilização social. Os serviços de assistência oncológica de alta complexidade são ainda insuficientes mas, sobretudo, inadequados e maldistribuídos geograficamente. Pela ausência de cuidados efetivos nos outros níveis da rede de saúde, os tratamentos ocorrem em estágios muito avançados.
Que fazer? Para reduzir a mortalidade, será preciso ampliar o diagnóstico precoce, garantir acesso aos serviços, oferecer procedimentos de qualidade e profissionais bem capacitados. Mas não penas os especialistas, todos os níveis de atenção e todos os profissionais de saúde têm um grau de responsabilidade e de contribuição para esta causa.
O Brasil já possui um nível bastante sofisticado de pesquisas na área oncológica, mas carece de ousadia na incorporação dos resultados ao sistema de saúde. Também é preciso aperfeiçoar o sistema de informação, sobretudo quanto aos tipos de câncer passíveis de rastreamento, para que todos os casos possam ser acompanha dos, de forma que a abordagem correta se dê no momento adequado. As ações de prevenção e detecção precoce precisam superar dificuldades frente aos segmentos da população que, por deficiência de escolaridade e acesso à informação, se mostram refratários às recomendações médicas, tornando-se, assim, duplamente vitimizados.
Parece existir um desequilíbrio entre a dimensão do câncer e sua visibilidade e compreensão na sociedade brasileira. A exclusão desse tema da pauta cotidiana das atenções da atenção básica à saúde, sua compreensão como um desafio exclusivo de especialistas, em muito contribui para o quadro que temos urgência em transformar. Se não é cabível desconsiderar as questões biomédicas ligadas à doença, é indispensável agregar aspectos dos doentes e da sociedade. Em suma, entender o câncer como um problema de saúde pública.
As categorias de análise da saúde pública permitem o ordenamento de fatores científicos e socioeconômicos-culturais na composição de um novo paradigma, que reconheça e enfrente o câncer como um objeto complexo. Nova compreensão da atenção ao câncer possibilita e legitima a participação de novos e diferentes atores e a ampliação das iniciativas possíveis. Trata-se da construção de um método de mediação entre realidades distintas. Trata-se da construção de redes.
Nessa perspectiva, o Instituto Nacional de Câncer - órgão do Ministério da Saúde responsável pelo controle do câncer no Brasil - propõe a estruturação da Rede de Atenção Oncológica . Trata-se de novo contexto para o combate ao câncer, o de promover a integração de diferentes parceiros, governamentais e não-governamentais, na formulação e execução de saberes, ações e serviços. As iniciativas dessa rede se articulam com sub-redes que, entrelaçadas, aproximam os diferentes aspectos da atenção oncológica integral.
A implementação da Rede de Atenção Oncológica, baseada no desenvolvimento de mecanismos de integração dentro do SUS e com a sociedade, demanda um elemento estruturante, com a característica de servir a cada um e de articular a todos. A progressiva inserção da lógica da educação permanente poderá prover a necessária potência para reforçar e ampliar a vinculação entre trabalho, gestão e educação, entre capacitação técnica e mobilização social. A organização da luta contra o câncer no âmbito da Rede de Atenção Oncológica visa, em última análise, romper com a organização em pirâmide, propondo á sociedade brasileira a incorporação da participação social como valor da cidadania.

Pequenas mudanças na luta contra o câncer

Segundo o Informe Mundial sobre Câncer (Genebra, 2003), a incidência da doença pode aumentar em 50% até 2020, ano para o qual são projetados 15 milhões de novos casos.Esse aumento deve-se principalmente ao envelhecimento da população mundial, ao tabagismo, aos hábitos alimentares e estilo de vida poucos saudáveis.


O Informe alerta para que governos, profissionais da saúde, mídia e população em geral, realizem ações preventivas em prol da Saúde Pública. O objetivo é reduzir a prevalência da doença, tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. As ações estratégicas de prevenção devem centrar-se em dois principais focos: tabagismo e alimentação.

A mais recente recomendação visa facilitar a adoção de uma alimentação saudável pela população e indica o consumo de refeições compostas por 2/3 (ou mais) de vegetais, frutas, grãos integrais, sementes e feijões e 1/3 (ou menos) de proteína animal. A base da alimentação deve ser os alimentos de origem vegetal, ricos em vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos que minimizam os riscos do câncer.

Pequenas mudanças que fazem grandes diferenças!
  • Consuma, diariamente, um mínimo de 5 porções de frutas e vegetais variados, preferencialmente os ricos em nutrientes que podem prevenir o câncer: os de cor amarelo-alaranjado e vermelho, frutas cítricas, folhosos de cor verde escuro e crucíferos (brócolis, couve-flor, repolho, rabanete, couve-de-bruxelas, couve-manteiga);
  • Use alimentos naturais e integrais com pouco ou sem nenhum processamento;
  • Inclua no cardápio diário: leguminosas, grãos, sementes e cereais integrais --trigo, cevada, aveia, linhaça, arroz integral, arroz selvagem, soja, feijões e ervilhas;
  • Faça refeições que tenham as carnes (magras) como guarnição e não como prato principal;
  • Limite o consumo de gorduras, principalmente as de origem animal;
  • Escolha óleos vegetais saudáveis --óleo de canola e azeite extra-virgem;
  • Reduza o consumo de salgados, curados, defumados e churrascos;
  • Substitua o sal por temperos naturais, alho, cebola, gersal (sal com gergelim), ervas aromáticas e especiarias naturais, frescas ou secas (tomilho, manjericão, coentro, hortelã, erva-doce, cominho, pimentas, curry e outras);
  • Evite ou limite o consumo de bebidas alcoólicas para 2 drinks por dia (homens) e 1 drink (mulheres);
  • Controle e mantenha seu peso corporal sendo fisicamente ativo e através da prática de exercícios moderados durante, pelo menos, 30 minutos 5 vezes por semana (caminhada, hidroginástica, danças).

As vitórias contra o câncer infantil

Para melhorar a saúde, não basta reclamar do governo. O exemplo da ONG que cura 70% das crianças com câncer que batem à sua porta

A presidente Dilma Rouseff afirmou nesta semana que a saúde enfrenta um sério problema de gestão. Você já ouviu isso antes, não é? De outros governantes, de gente de qualquer partido, de candidatos e de eleitos. A história é sempre a mesma: antes da eleição, reina o discurso de salvador da pátria. Depois da eleição vem a conversa realista: “Vejam bem, a saúde exige um choque de gestão, precisamos criar um novo imposto para financiá-la, a coisa é complicada, estamos avançando etc”. 
Enquanto isso, a saúde continua sendo a maior preocupação dos brasileiros. Esse foi o espírito captado por uma pesquisa encomendada ao Instituto Ibope pelo Movimento Todos pela Educação alguns meses antes da eleição de Dilma. Para 63% dos entrevistados, a saúde deveria ser a prioridade número 1 do próximo presidente.
Deveria ser, mas não será. Por várias razões e interesses. Segundo o Banco Mundial, o Brasil gasta em saúde cerca de 8% do PIB. A Argentina gasta 10%. O Chile (6,2%) e o México (5,9%) gastam menos, mas têm indicadores de saúde melhores que o Brasil. Gastam menos dinheiro, mas gastam melhor. São bons de gestão.
É preciso exigir que o governo gaste mais e melhor em saúde. Ao mesmo tempo, é preciso entender que essa tarefa não é exclusiva do governo. Há muita coisa que a sociedade organizada pode fazer. Não basta só reclamar. É preciso agir como tantos espíritos inquietos que conseguem melhorar a qualidade de vida de comunidades inteiras e fazer história. O segredo deles é o inconformismo de resultados.
É o caso, por exemplo, do oncologista Sérgio Petrilli, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 1988, ele visitou nos Estados Unidos o Hospital St. Judes, na cidade de Memphis. Ficou pensando por que razões aquele modelo não poderia dar certo também no Brasil. Descobriu que poderia e que sonhar – com os pés no chão – não faz mal à ninguém.
Foi assim que surgiu o GRAACC, o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, a ONG criada por ele em 1991. Em 20 anos, a experiência se provou eficaz. É um caso de sucesso baseado em três pilares: boa gestão, excelência média e científica e voluntariado organizado. Poderia ser reproduzido em qualquer lugar do Brasil. Basta querer.
“Não podemos aceitar que as crianças morram de câncer só porque são brasileiras”, diz Petrilli. Em vez de só reclamar do governo, ele teve a iniciativa de unir a universidade, os empresários e os voluntários na tarefa de preservar a vida.
Nas últimas décadas, o mundo conquistou muitas vitórias no combate ao câncer infantil. Em 1970, cerca de 75% das crianças com leucemia morriam nos Estados Unidos. O insucesso era a regra mesmo entre as famílias com condições financeiras de buscar o melhor tratamento possível. Hoje, 73% sobrevivem.
O câncer, a principal causa de morte por doença na população entre 5 e 18 anos, é um evento raro. Corresponde a menos de 3% de todos os casos da doença registrados no Brasil. A cada ano, surgem cerca de 10 mil casos novos.
É um câncer cheio de peculiaridades. Sob a lente do microscópio, os tumores infantis têm a aparência de tecidos fetais. Um tumor de rim, por exemplo, é composto de células embrionárias de rim. Antes que elas tivessem tido a chance de se desenvolver e se transformar numa célula renal com uma função específica, viraram tumor.
   Isso explica por que bebês e crianças tão pequenas podem ter câncer antes que o estilo de vida inadequado tenha tido tempo de atuar sobre eles e desencadear a doença. A hipótese é que o desarranjo celular que leva ao câncer tenha sido provocado por substâncias químicas com as quais a mãe teve contato durante a gravidez.
Várias linhas de pesquisa buscam revelar quais são essas substâncias. Há muitos suspeitos – entre eles até as pastilhas usadas em repelentes elétricos de mosquito – mas nenhuma condenação. Seja qual for a causa da mutação que origina o tumor, ele vai crescendo silenciosamente durante a gestação e os primeiros anos de vida, até surgirem os sintomas.
A compreensão de que os tumores infantis são muito diferentes dos adultos contribuiu para as vitórias recentes contra a doença. Os anos 90 trouxeram descobertas genéticas que foram rapidamente incorporadas ao dia-a-dia dos consultórios.
No Brasil nem sempre é assim. Falta diagnóstico precoce e tratamento adequado. É aí que a criança sofre o ônus de ser brasileira. É contra essa regra que Petrilli decidiu se rebelar. No GRAACC, cerca de 70% dos pacientes são curados.
Os índices de cura poderiam ser ainda mais elevados se as crianças chegassem em fases mais precoces da doença. “Cerca de 30% dos pacientes com tumores ósseos chegam com metástase nos pulmões. Na Alemanha, esse índice é de 10%”, diz Petrilli.
A paciente Ana Carolina Muniz, com a mãe, Rozeli Aparecida Muniz. A menina está recebendo o tratamento na Quimioteca do GRAACC (Foto: Cristiane Segatto)
Isso é sinal de que falta acesso ao sistema de saúde e de que falta informação aos médicos que prestam o primeiro atendimento. Poucos desconfiam de câncer. Para conhecer os principais sinais, acesse o site do GRAACC. https://www.graacc.org.br/o-cancer-infantil/sinais-e-sintomas.aspx
No ano passado, 2,5 mil crianças e adolescentes foram atendidos na instituição. Cerca de 90% eram pacientes do SUS. Felizmente, o GRAACC não pára de crescer. A casinha acanhada de 1991 se transformou, em 1998, num hospital completo (o Instituto de Oncologia Pediátrica).
Em meados de 2012, novas instalações estarão concluídas num terreno doado pela prefeitura de São Paulo. O hospital ganhará mais 4,2 mil m². Além do atendimento que já é feito hoje, a instituição contará com um aparelho de radioterapia dos mais modernos. Os planos de expansão prevêem que até 2015 o GRAACC ocupe 32 mil m².“Seremos um dos melhores centros de alta complexidade na América Latina”, diz Petrilli.
Como conseguiram? O GRAACC tem uma enorme área de captação de recursos. Várias empresas doam à instituição parte do Imposto de Renda devido. Inúmeras campanhas criativas fazem crescer as doações da sociedade. A parceria com o Mc Donald’s é só uma delas. O evento Mc Dia Feliz rendeu em 1993 o equivalente a R$ 100 mil reais. Em 2011, foram R$ 4,2 milhões.
As decisões na instuição são tomadas por um colegiado. Participam os empresários responsáveis pela gestão, os médicos, os voluntários. “Médicos são coorporativistas e empresários são mandões”, diz Petrilli. “Fui aprender a fazer planejamento estratégico, entender o que é core business e outras coisas”. Por outro lado, os empresários também aprenderam quais são as necessidades dos médicos, dos cientistas e dos voluntários. É uma aliança que deu certo.
“Nosso grande desafio é tratar todo paciente com o máximo de qualidade. Tratá-lo como se fosse um paciente particular. A questão aqui é o resgate da cidadania’, diz Petrilli.
As famílias atendidas no GRAACC reconhecem isso. A inspetora de qualidade Rozeli Aparecida Muniz sai de Carapicuíba, na Grande São Paulo, todos os dias às seis da manhã. Depois de enfrentar uma hora e meia de congestionamento, finalmente chega à instituição com a filha Ana Carolina.
A menina de 8 anos sofre de leucemia. Antes de chegar ao GRAACC, a família passou pelo roteiro clássico de desatenção à saúde tão comum no Brasil: diagnósticos errados, falta de acesso a exames e internação. Agora isso é passado. “Para mim é Deus no céu e o GRAACC na Terra”, diz Rozeli. “A gente não se sente no hospital. É um lugar que nos dá força”.
Ana Carolina adormece enquanto recebe a medicação na Quimioteca, um espaço colorido, cheio de livros e brinquedos, cuja intenção é reduzir o impacto do tratamento. Outras crianças brincam ou conversam.
Pela ótica de quem conhece a realidade da saúde pública brasileira, os pacientes do GRAACC parecem privilegiados. Até quando vamos aceitar que o tratamento correto, eficaz, gentil e respeitoso seja um direito de poucos?   

A luta contra o câncer é a luta contra a ignorância

Em 2012, o Brasil terá 519 mil casos novos da doença. Como os adolescentes podem virar o jogo

O Brasil de hoje é melhor que o dos anos 80. O país avançou, mas ainda tem uma dívida enorme no quesito educação. A falta de conhecimento é um entrave sob vários aspectos, mas se torna cruel quando consome a saúde. Um exemplo? Pense nos mitos que em pleno século XXI atrapalham a prevenção e o combate ao câncer. A luta contra o câncer é a luta contra a ignorância.
Vou guardar para sempre a última conversa que tive com o ex-presidente José Alencar. Foi no quarto 1106 do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele morreria dois meses depois. Em cinco anos de luta contra um sarcoma, Alencar recebeu inúmeras mensagens de pessoas que diziam ter a cura do câncer. As receitas mais estapafúrdias chegaram a ele.
Naquele dia, Alencar usava um iPad para ler os emails. A mágica sugerida era uma poção de graviola. Ele correu os olhos pela mensagem, mas não se impressionou. Em tantos anos de batalha pública contra a doença, ele se acostumou a ler de tudo. Quem envia essas receitas costuma ter boa intenção, mas acho que é um desrespeito com o doente.
Agora é a vez do ator Reynaldo Gianecchini. Recentemente indicaram a ele uma panacéia à base de aspargos. O remetente acredita que adquirir aspargos in natura, cozinhá-los, fazer um purê e comer essa papa em jejum cura todos os tipos de câncer e fortifica o sistema imune. Bobagem.
Se a educação dos brasileiros é ruim, o ensino de ciência é muito pior. Falta cultura científica à nossa população. O resultado é a perpetuação desses mitos. O que fazer? Aceitar que a crença nessas bobagens é um traço cultural do povo brasileiro ou tentar virar o jogo?
Só a educação salva – e ela deve começar cedo. Estou certa disso. Essa também é a convicção do oncologista Paulo Hoff, famoso por ter cuidado ou acompanhado de perto o caso de várias celebridades que tiveram câncer recentemente (José Alencar, Dilma Rousseff, Lula, Reynaldo Gianecchini etc).   

Fiquei encantada com o interesse demonstrado pelos alunos da Escola Romeu de Moraes. Assistiram à aula com a maior atenção. Sugaram cada minuto da atenção de Paulo e quase não o deixaram ir embora. Fizeram dezenas de perguntas.Outros 79 médicos se deslocaram até outras 79 escolas estaduais. Num único dia, cerca de 24 mil estudantes receberam as informações mais confiáveis sobre prevenção e tiveram a chance de desconstruir muitos mitos – um por um. Daqui para frente, o objetivo é treinar os professores de ciência para que o tema seja incluído na grade das escolas.
Queriam saber se a menstruação precoce e a menopausa tardia aumentam o risco de câncer de mama. Se existe limite seguro para o consumo de cigarro. Se um bebê pode nascer com câncer. Se telefone celular causa câncer e como a doença se espalha. Qual é a diferença entre tumor benigno e maligno etc. Se você também tem dúvidas, acesse a cartilha e os vídeos produzidos pelo Icesp em parceria com a Secretaria Estadual de Educação
Jovens bem informados são agentes de transformação. Podem influenciar familiares, amigos, espalhar o conhecimento pelas redes sociais. Mas há uma outra razão para investir nesse público.


CÂNCER DE REYNALDO JANEQUINE NOS LEVA A SEGUINTE PERGUNTA: QUANDO PARARÃO DE INVESTIR EM GUERRA, ARMAS E MATANÃS DESENFREADAS E FINALMENTE DESCOBRIREM A CURA DO CÂNCER?

Gianecchini começa quimio em breve; veja famosos que venceram o câncer

FAMOSIDADES
RIO DE JANEIRO – Reynaldo Gianecchini vai começar a fazer sua primeira sessão de quimioterapia na segunda-feira (15). Segundo informações divulgadas pelo “Jornal Nacional”, o ator passará por uma bateria de exames complementares até sexta-feira (12).
Giane, que está internado há uma semana em um hospital paulista, foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin. Segundo um boletim médico divulgado nesta quinta (11) pelo Sírio-Libanês, o ator tem estado geral bom “e não há previsão de alta”. “O paciente está sendo acompanhado pelas equipes coordenadas pelos profs. Drs. Yana Novis, Raul Cutait e David Uip”, complementa a nota.
A jornalista Marília Gabriela, ex-mulher do bonitão, foi até o hospital na noite de quarta para prestar solidariedade. “Ele está bem. Mas acho indelicadeza falar sobre a saúde dele. É privado, é problema dele. Eu não sou médica então acho melhor não falar nada”, disse, ao deixar o local.
Outra famosa que visitou Giane foi Claudia Raia, que evitou falar com a imprensa.
Em um comunicado oficial, o ator se mostrou otimista. “Estou pronto para a luta e conto com o carinho e o amor de todos vocês”, afirmou. A doença foi descoberta após ele ter tido uma reação alérgica e inflamatória devido a uma operação.

FALANDO SOBRE CÂNCER V


Mulheres a partir dos 40 anos devem fazer mamografia com mais frequência, alerta especialista

Médico sueco recomenda ultrassonografia para complementar o diagnóstico

Mulheres a partir dos 40 anos devem fazer mamografia com mais frequência, alerta especialista  Susi Padilha/Agencia RBS


O médico László Tabár, professor de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Uppsala, na Suécia, recomenda que a mamografia seja realizada com mais frequência por mulheres na faixa etária dos 40 aos 54 anos.

Em um trabalho de rastreamento mamário que durou três décadas e envolveu 133 mil mulheres, o especialista verificou a redução de 31% na mortalidade do câncer de mama entre as mulheres que realizaram mamografia em comparação com as que nunca tinham feito o exame.

De acordo com Tabár, o chamado tempo de permanência principal, que corresponde ao intervalo entre a detecção do câncer na mamografia e o aparecimento de sintomas, é menor nas mulheres mais jovens, expressando um crescimento mais rápido do tumor. Para detectar o câncer de mama mais cedo, a recomendação do médico é que as mulheres entre 40 e 54 anos façam a mamografia a cada 12 ou 18 meses.

Como os tipos de câncer de mama são muito diversos, outro alerta do especialista é considerar várias frentes no diagnóstico. Segundo ele, a mamografia é extremamente eficiente para detectar anormalidades em mamas predominantemente adiposas, mas tem dificuldade em encontrar anormalidades em tecido mamário denso. O ultrassom é o oposto: é menos eficiente em encontrar microcalcificações, mas pode encontrar cancros escondidos no tecido mamário denso. Os dois métodos se complementam. Para determinar a extensão da doença, a ressonância magnética é a melhor opção. A biópsia fornece o diagnóstico microscópico antes da cirurgia. 

Tabár estará no Brasil entre os dias 1º e 4 de março para o Seminário de Detecção e Diagnóstico Precoce de Doenças Mamárias, no Hotel Hilton, em São Paulo. O evento é organizado pela Mammography Education Inc, dos Estados Unidos, e reunirá médicos de todo o Brasil.
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FALANDO SOBRE CÂNCER VI
Ressonância magnética é o exame mais indicado para verificar  integridade de implante, diz mastologista . Presidente regional da Sociedade Brasileira de Mastologia no Rio Grande do Sul, Rodrigo Cericatto, reafirma que não está comprovada a ligação entre silicone e câncer...
Depois da francesa PIP, agora a holandesa Rofill está sob suspeita de ter usado silicone industrial para preencher próteses mamárias. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa reclamações de problemas com implantes dessa marca, mas ainda não emitiu comunicado oficial anunciando providências. Enquanto isso, a recomendação dos médicos é para que mulheres que passaram pelo procedimento cirúrgico mantenham a calma e procurem informações com seu cirurgião.

— Primeiro, é preciso ter o conhecimento de qual marca foi usada na cirurgia, mas não há motivo para pânico, até porque não ficou comprovado pelos testes feitos pela agência sanitária francesa que o silicone da PIP tenha relação com casos de câncer. O alerta é preventivo — comenta o mastologista Rodrigo Cericatto, presidente regional da Sociedade Brasileira de Mastologia no Rio Grande do Sul.
Um cartão com a informação sobre a marca e o lote do silicone utilizado na cirurgia é entregue a todas as pacientes que recebem o implante. Caso a paciente tenha perdido o comprovante, o cirurgião deve ter essa informação em seus arquivos e prontuários médicos, conforme explica Cericatto. 
— Várias pacientes têm entrado em contato para esclarecimentos. Temos alguns casos sendo acompanhados no Rio Grande do Sul de problemas com ruptura e a consequente remoção da prótese — relata o médico.
Segundo Cericatto, o exame mais indicado para verificar a integridade do implante é a ressonância magnética. 
— A recomendação da Anvisa serve de reforço para que as pacientes que decidirem fazer o implante mamário façam isso com calma, já que essa é uma cirurgia totalmente eletiva e permite um tempo de reflexão — salienta.
O médico orienta a verificar se o cirurgião é titular na Sociedade Brasileira de Mastologia ou na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Depois da cirurgia, é necessário fazer reavaliações periodicamente.

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FALANDO SOBRE CÂNCER VII

Publicada portaria que estabelece diretrizes 

para troca de próteses  mamárias com defeito. 

Troca será garantida se a ruptura for  comprovada por meio 

de ultrassonografia ou ressonância magnética

O Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial dessa terça-feira a portaria com as diretrizes para a troca de próteses de seios das marcas Poly Implants Prothese (PIP) e Rofil pela rede pública de saúde e os planos de saúde. As orientações foram definidas em 18 de janeiro.
A retirada e a troca das próteses, seja de uma ou das duas mamas, serão feitas em uma única cirurgia. A remoção e a substituição ocorrerão somente quando for comprovada a ruptura do implante por meio ultrassonografia, ressonância magnética ou indicação médica. Pacientes com histórico de câncer de mama terão os implantes retirados e trocados, independentemente do exame de imagem.
A orientação é que as mulheres com implantes das marcas francesa e holandesa façam uma ultrassonografia, exame que permite visualizar fissuras na prótese. A recomendação é que a paciente procure o médico, hospital ou a clínica responsáveis pela colocação da prótese. Caso não consiga, a mulher deve buscar atendimento no serviço público mais próximo ou pelo plano de saúde.
Estima-se que cerca de 20 mil brasileiras tenham implantes PIP e Rofil. As empresas usaram silicone não autorizado para uso médico na fabricação das próteses, elevando o risco de vazamento do gel. Com o rompimento, o silicone pode ficar envolto em uma cápsula fibrosa (intracapsular) ou extravasar a cápsula e chegar ao sistema linfático (extracapsular).

FALANDO SOBRE CÂNCER VIII

Novidades no Tratamento do Câncer de Mama:
Os Inibidores de Aromatase

O objetivo da adjuvância em câncer de mama é aumentar a sobrevida daquelas pacientes submetidas à cirurgia, através da eliminação de potencial doença micrometastática. Existem diversos fatores prognósticos definidos de forma a se estimar esse risco, sendo os principais indicadores a presença de linfonodos acometidos e o tamanho tumoral. As opções de terapia adjuvante atuais em câncer de mama incluem a quimioterapia e/ou a hormonioterapia, para aquelas pacientes com tumores que expressam receptores hormonais (estrogênio e/ou progesterona).

A hormonioterapia na adjuvância até recentemente era baseada principalmente no uso de tamoxifeno por um período de cinco anos, ficando os demais tratamentos hormonais restritos aos casos de contra-indicações ao uso deste. Recentemente, entretanto, os inibidores da aromatase (IA) de terceira geração têm colocado a supremacia do tamoxifeno em cheque.

Neste artigo discutiremos alguns aspectos importantes na adjuvância hormonal, enfatizando a importância e o modo de administração da terapia hormonal, discutindo a duração do tratamento hormonal e a escolha do hormônio a ser utilizado em cada caso. A importância crescente dos IA neste cenário será especialmente abordada.

O RECEPTOR HORMONAL
Sabe-se que cerca de 70% dos tumores de mama expressam o receptor de estrogênio (RE) e/ou o receptor de progesterona (RP),(1) tornando estas células o alvo ideal para o tratamento hormonal. Esta expressão varia de acordo com a idade, sendo mais freqüente nas mulheres com câncer de mama após a menopausa.

A presença do receptor hormonal deve ser avaliada por imunoistoquímica na peça fixada em parafina e posteriormente quantificada por patologistas treinados. Uma imunoistoquímica com pontuação maior do que 2 (correspondendo a 1 a 10% de células fracamente positivas) define positividade.(2)

O PAPEL DO TAMOXIFENO
O estrógeno desempenha um papel mitogênico no desenvolvimento do câncer de mama. Desta forma, a inibição de sua síntese ou bloqueio de sua ação são estratégias importantes no tratamento da neoplasia de mama.

O tamoxifeno age ligando-se competitivamente ao receptor de estrógeno no tecido tumoral e em outros tecidos, formando um complexo nuclear que diminui a síntese de DNA, inibe os efeitos do estrógeno e acarreta a parada de crescimento celular. É um forte antagonista do estrógeno na mama e possui efeitos agonistas fracos em diferentes tecidos (por ex.: endométrio).(2)

O uso do tamoxifeno por cinco anos, naquelas pacientes com receptor hormonal positivo ou desconhecido, mostra dados impressionantes, com diminuição de recorrência local e contralateral de 47% e redução de 26% na mortalidade, quando comparado a placebo.(4) Posteriormente observou-se que somente é efetivo nos tumores com receptores hormonais positivos, sendo ineficaz nos casos com receptores negativos.(5)

Entretanto, sua utilização não evidenciou benefício além dos cinco anos de uso, pelo contrário. O estudo NSABP B-14 (fig. 1) mostrou que seu uso por um total de dez anos acarretou um decréscimo na sobrevida livre de doença. É possível que isso se deva ao desenvolvimento de ação agonista do tamoxifeno na mama após um determinado período.(6)

Figura 1. Recidiva e mortalidade por
câncer de mama ao longo dos anos -
Oxford Overview

Um número significativo de pacientes ainda apresenta recidiva do câncer de mama nos anos iniciais e nos cinco anos seguintes ao término da adjuvância. Este foi o cenário no qual os estudos com os IA se inseriram.

O PAPEL DOS INIBIDORES DE AROMATASE
Os inibidores da aromatase (IA) são moléculas que atuam inibindo a enzima (aromatase) responsável pela conversão periférica de androstenediona e testosterona em estradiol e estrona (fig. 2). Ao contrário do tamoxifeno, os IA não possuem atividade agonista.(7)

Figura 2. Síntese de esteróides e atuação
dos inibidores da aromatase.

Existem várias gerações de IA disponíveis no mercado atualmente, sendo classificados em geração, de acordo com a sua ordem de desenvolvimento clínico e em tipos, de acordo com o mecanismo de ação. Os do tipo 1 são análogos esteroidais da androstenediona, ligando-se irreversivelmente à mesma. Os do tipo 2 são não-esteroidais e se ligam de forma reversível à enzima (tabela 1).

É fundamental ressaltar que o uso de IA deve ser restrito a mulheres após a menopausa. O seu uso na pré-menopausa pode estar associado à elevação dos níveis de estradiol e até o momento não foi testada a sua utilização nesse grupo.

FORMAS DE INCORPORAÇÃO DOS IA À ADJUVÂNCIA
Existem duas formas de incorporação dos inibidores da aromatase na adjuvância do câncer de mama:
- substituindo o tamoxifeno
- seqüencialmente ao tamoxifeno

Substituindo o tamoxifeno
ATAC
O primeiro estudo desenhado para avaliar se um IA poderia substituir ou complementar o tamoxifeno com eficácia foi o estudo ATAC.(8) As pacientes foram randomizadas após a cirurgia para cinco anos de adjuvância com tamoxifeno isolado, anastrozol isolado ou a combinação das duas drogas (fig. 3).

Figura 3. Estudo ATAC -
QT - quimioterapia, RXT - radioterapia.


O estudo mostrou uma diferença pequena, porém estatisticamente significativa favorável ao anastrozol. A sobrevida livre de doença (SLD) em três anos foi de 89,4% no braço do anastrozol e de 87,4% no tamoxifeno, com risco relativo (RR) de 0,83 (p = 0,005). A combinação dos dois medicamentos não mostrou diferenças estatisticamente significativas. O anastrozol também foi superior ao tamoxifeno em termos de recorrência, com RR de 0,74 (p = 0,0002) e incidência de câncer contralateral, RR de 0,47 (p = 0,001). Houve uma tendência a um maior tempo para recidiva a distância com o IA com RR 0,84 (p = 0,06). Entretanto, não houve nenhuma diferença significativa em termos de sobrevida global (SG) e específica, porém o número destes eventos em cinco anos ainda é pequeno.

Em todos os subgrupos de pacientes com receptores hormonais positivos, o benefício em termos de tempo de recorrência foi mantido, tanto em linfonodos positivos e negativos e naquelas pacientes que receberam quimioterapia prévia ou não. Esta diferença foi ainda maior nas pacientes com RE+/RP-, quando comparado ao grupo RE+/RP+.

O perfil de toxicidade do anastrozol com relação ao tamoxifeno consiste em menos eventos tromboembólicos e isquêmicos cerebrais, menos descarga e sangramento vaginal e fogachos. A incidência de fraturas e eventos musculoesqueléticos foi significativamente maior no braço do anastrozol.

Seqüencialmente ao tamoxifeno
Estudos com duração de cinco anos
ARNO e ABCSG Trial 8

Os estudos ARNO e ABCSG Trial 8(9) foram analisados em conjunto (fig. 4).

Figura 4. Estudos ARNO e ABCSG Trial 8.

O uso de anastrozol após dois a três anos de tamoxifeno trouxe benefício em termos de SLD, com RR 0,60 (p = 0,0009), em um seguimento de 28 meses. Este benefício foi observado independentemente do status nodal ou grau tumoral.

A sobrevida livre de recorrências a distância foi melhor no grupo que permaneceu em tamoxifeno, com RR de 0,61 (p = 0,067). A sobrevida global não foi estatisticamente significativa.

O tratamento foi bem tolerado em ambos os braços, com significativamente mais fraturas com o uso do anastrozol (2,4% x 1,2%). Não houve diferença nos efeitos colaterais ginecológicos.

IES

O International Exemestano Study (IES)(10,11) é um estudo randomizado utilizando o exemestano como inibidor de aromatase (fig. 5).

Figura 5. Estudo IES.

Os resultados após um seguimento de 37,4 meses mostram uma diferença significativa em favor do grupo experimental. A SLD aos três anos mostrou RR de 0,73, correspondendo a um p = 0,0001.

A sobrevida livre de câncer de mama também foi maior com o uso do exemestano, com RR de 0,70, (p = 0,00005).

A incidência de câncer de mama contralateral ocorreu em 20 pacientes usando tamoxifeno e em nove com exemestano (p = 0,04). A incidência de outras neoplasias (não-câncer de mama) foi menor com o uso deste IA. As causas deste achado ainda não estão bem estabelecidas. A incidência de recidivas locais e a distância também foram reduzidas com o IA.

A SG não foi estatisticamente significativa, porém apresentou uma tendência a favor do exemestano (RR 0,85, p = 0,08).

Apesar da taxa de descontinuação do IA devido aos efeitos colaterais ter sido pouco maior que no braço controle, a qualidade de vida (QV) não foi afetada.(12) Um aumento não significativo de eventos tromboembólicos e cardiovasculares, exceto infarto agudo do miocárdio, ocorreu com o tamoxifeno. Os efeitos ginecológicos foram mais pronunciados com o tamoxifeno (p = 0,002), em especial o corrimento vaginal. A freqüência de diarréia grave foi pequena com exemestano. Os sintomas musculoesqueléticos favoreceram o uso do tamoxifeno.(12)

BIG 1-98

Trata-se de um estudo com quatro braços, avaliando o uso do IA de forma seqüencial e isolada (fig. 6).(13)

Figura 6. Estudo BIG 1-98.

A análise preliminar foi feita comparando o letrozol no primeiro e no terceiro braços com o tamoxifeno no segundo e quarto braços. Após um seguimento de 25,8 meses, observou-se uma diferença estatisticamente significativa em SLD a favor do letrozol. O RR foi de 0,81 (84% contra 81,4%, p = 0,003). A recidiva cumulativa de câncer de mama também foi menor no braço letrozol (10,2% e 13,6%, p = 0,0002). Observou-se que o letrozol foi particularmente importante para prevenir a recidiva a distância (4,4% e 5,8%, p = 0,006).

Em termos de segurança, os efeitos adversos tromboembólicos, sangramento vaginal e o número de biópsias de endométrio foram mais comuns com o tamoxifeno, enquanto fraturas e hipercolesterolemia foram mais detectadas com o IA. Merece atenção notar o aumento de eventos cardiovasculares sérios com o uso de letrozol quando comparado com o tamoxifeno (3,6% e 2,5%, respectivamente).

Estudos com duração superior a cinco anosMA-17

Na tentativa de contornar o problema da resistência ao tamoxifeno e diminuir as recidivas após cinco anos, o estudo MA-17(14) foi idealizado com o objetivo de avaliar o uso do letrozol por um período de cinco anos após o término do tamoxifeno, totalizando dez anos de hormonioterapia (fig. 7).

Figura 7. Estudo MA-17.

A SLD no braço do letrozol foi significativamente melhor, com RR de 0,57 (p = 0,00008). A SLD estimada em quatro anos foi de 93% para o letrozol e 87% para o tamoxifeno (p < 0,001).

Em análise de subgrupo pré-planejada, estratificada pelo status nodal, a diminuição no risco de recidiva foi demonstrada tanto em pacientes com linfonodo positivo quanto negativo (RR 0,60 e 0,47, respectivamente). O aumento absoluto na SLD em três anos foi de 3% nos casos com linfonodos negativos e 7% nos negativos. Recentemente, uma análise final dos dados evidenciou um benefício de sobrevida global nos pacientes com linfonodos acometidos.

Benefícios significativos em termos de redução de recidivas gerais, a distância e em mama contralateral foram observados no braço experimental.

Os efeitos colaterais foram moderados, com predomínio significativo de alterações musculoesqueléticas e fogachos para o grupo do IA. As pacientes em placebo apresentaram maior incidência de sangramento vaginal. Houve uma tendência a aumento de osteoporose no grupo do letrozol (p = 0,07), além de um aumento não-significativo no número de fraturas e eventos cardiovasculares neste grupo.

INDIVIDUALIZANDO O TRATAMENTO
Tumores RE positivo e RP negativo. Tumores HER-2 positivo
Vários estudos(15,16) mostram que os tumores com receptor de estrógeno positivo e progesterona negativo (RE+RP-) são resistentes ao tamoxifeno. Nesse subgrupo particular, a vantagem de anastrozol sobre o tamoxifeno mostrou-se maior.(9) Os tumores que apresentam positividade para o HER-2 têm de forma geral um pior prognóstico e são mais resistentes ao tratamento quimioterápico e endócrino usual.(17) A taxa de resposta com o uso do letrozol foi mais elevada do que com o tamoxifeno (88% e 21%, p = 0,0004) na neo-adjuvância nos tumores RE+ e HER-2 +.(15) Apesar dessas observações, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica não recomenda a escolha de inibidor de aromatase para tratamento adjuvante do câncer de mama, baseada nesses critérios.(18)

Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais de cada medicamento devem ser levados em conta na escolha do melhor tratamento, selecionando individualmente o melhor perfil de toxicidade para cada paciente (fig. 8). Deve-se avaliar a história médica de cada paciente e também preferências individuais. O custo também não pode ser esquecido, sendo bastante superior o custo individual dos IA.

Figura 8. Perfil de toxicidade comparativo
dos inibidores de aromatase e tamoxifeno.

DISCUSSÃO
No dia-a-dia, é imprescindível, antes de iniciar a adjuvância das pacientes com câncer de mama, certificar-se sobre a positividade dos receptores hormonais. Em caso de dúvida é aconselhável mandar a peça para revisão. Somente nas pacientes após a menopausa deve ser considerado o uso dos inibidores da aromatase, individualizando-se o tratamento de acordo com risco, perfil de toxicidade, custo e momento do uso do tamoxifeno. A saúde óssea deve ser levada em conta, considerando o uso de bisfosfonatos, suplementação com cálcio, vitamina D e a prática de exercícios.

Vale ressaltar que o uso do tamoxifeno é um dos principais avanços no tratamento do câncer de mama em todos os tempos. Além disso, seu benefício se estende por ao menos dez anos após o término do seu uso e possui um perfil de efeitos colaterais já bastante conhecido. As informações a respeito dos efeitos colaterais dos IA que dispomos no momento são mais limitadas.

De uma forma prática, até que os novos estudos possam nos fornecer respostas definitivas e mais robustas, devemos sempre individualizar o tratamento. Podemos, com o auxílio das evidências atuais, apresentar algumas sugestões:

- Pacientes com risco baixo de recorrência e morte podem ser adequadamente tratadas com tamoxifeno por cinco anos
- Considerar uso de IA em pacientes com risco de recorrência e morte mais elevado (por exemplo, linfonodos comprometidos e/ou tumores grandes):

- Para aquelas pacientes que estão iniciando terapia hormonal (anastrozol por cinco anos)

- Para aquelas em curso de tamoxifeno por dois ou três anos (anastrozol ou exemestano por três ou dois anos)

- Para aquelas que terminaram tamoxifeno (cinco anos) (letrozol por cinco anos)

- Os melhores resultados obtidos com a terapia hormonal adjuvante fazem com que os benefícios adicionais resultantes da quimioterapia sejam minorados nesse grupo de pacientes.

- Os grandes avanços do tratamento do câncer de mama ocorreram através da realização de estudos clínicos. As pacientes devem ser encorajadas a participar dos mesmos em um número crescente de instituições no país que realizam pesquisa clínica.

Os inibidores da aromatase devem ser considerados no tratamento adjuvante das pacientes na pós-menopausa com câncer de mama com receptores hormonais positivos. A melhor forma de incorporá-los na prática diária aguarda definição a partir dos estudos em andamento.



O agrião auxilia no combate ao câncer de mama e é uma excelente opção de verdura quando se trata de cuidar da saúde.
É verdade que verdura sempre faz bem. Mas algumas oferecem algo a mais para as mulheres. Nessa lista está o agrião: ele ajuda a combater o câncer de mama, segundo uma pesquisa da Universidade de Southampton, na Inglaterra.
O mérito é de uma substância (feniletil isotiocianato) capaz de inibir uma proteína que alimenta o tumor. As folhas e os talos do alimento ainda têm óleos essenciais que desintoxicam o corpo.
O agrião ainda atua contra a rinite alérgica. Ambientes fechados ou floriculturas são armadilhas para os alérgicos. O acúmulo de pó e o pólen das flores provocam espirros e coriza porque a mucosa nasal inflama e produz secreção para proteger o organismo.
Por isso, a nutricionista e fitoterapeuta Vanderlí Marchiori, de São Paulo, sugere o consumo de abacaxi e agrião. “Chamamos de alimentos mucolíticos: possuem substâncias que quebram o muco e facilitam a respiração”.
Outros bons motivos para consumi-lo: fortalece ossos e músculos. E vai bem até no suco! Faça o teste: bata galhinhos da verdura com laranja e gelo.